domingo, 11 de abril de 2010

Uma opinião sobre a educação


Humano é humano. Embora a premissa tautológica tenha se cristalizado na boca do povo, e não haja nenhuma verdade que nao seja explicitada pelo óbvio, é impossível reconhecer que, mesmo o homem continuando a sê-lo, transforma-se continuamente em função de fatores sociais, culturais, econômicos e - como está em voga citar - tecnológicos.

Também é inegável que ao longo da história humana, as sociedades modificaram seus sistemas de organização, bem como seus sistemas de produção, de maneira que conceber a escola hodierna sob os mesmos padrões de escolas greco-romanas, medievais ou pré-guerras seria anacronismo e, consequentemente, atestado de falha.

A educação deve ser cunhada para o seu próprio tempo, de modo a refletir a prakshis social de que emerge. A escola tradicional atendia aos padrões da educação dos tempos do reinado e da Monarquia, mas, excetuado o peso da tradição, pouco asseguravam ao aprendente moderno. O movimento escolanovista ou construtivista está fadado, também, ao mesmo ostracismo educacional.

A organização político-econômico da atual conjuntura tem exigência não maior que os padrões educacionais anteriores, mas diversa: com o avanço das tecnologias - sobretudo as de comunicação - democratizou-se o acesso à informação, de maneira que a sólida escola detentora dos conhecimentos tácitos desmanchou-se no ar e os profissionais do conhecimento viram-se sob a responsabilidade tanto de ensinar o aprendente a manipular a livre informação, a reconhecer-lhe códigos, a reenviá-los, quanto a dominar o aparato tecnológico e a atestar a seguranca epistemológica das fontes de que advieram.

E dominada a informação (e sua tecnologia), coube ao professor assegurar a humanidade de seus conteúdos: o panorama do mundo e a organização dos povos em prol da paz exigem das instituições educacionais preocupações com os novos valores que, mesmo existindo conceitos muito próximos em todas as religiões do mundo, laicamente, realiza-se pelo exercício da tolerância, ponto de convergência de todas as premissas da vida social.

Por fim, reconhecer que a escola deve integrar-se ao seu tempo e contexto, reconhecer a maturidade do aprendente (e estabelecer parâmetros que a ele correspondem), incitar-lhe a sociabilidade tanto físico-social quanto tecnológicos são pontos básicos e fundamentais para não somente promover o conhecimento, mas a educação do homem para o próprio homem.