sexta-feira, 14 de maio de 2010

A atual violência de sempre


Atire a primeira pedra quem nunca foi vítima de uma violência qualquer ou de um assalto. Atire a segunda quem nunca vitimou alguém através de uma relacão de poder por vezes ilegítima que casualmente surgiu em meio ao cotidiano.
A violência - a que muitos julgam estar acostumados - é característica da humanidade: desde os tempos mais remotos (como provam a pré-história, a Idade Média, ou até mesmo o mito bíblico de Caim e Abel) o homem, em busca de proteção contra a violência natural, uniu-se aos outros homens sob a aparente ingenuidade de que a única agressividade possível fosse a fenomenológica, e não a do seu semelhante. Uma falácia.
De lá para cá, as sucessivas tentativas de se eliminar a violência onde houvesse humanidade fracassaram: governos faliram ao tentar controlá-la, religiões sucumbiram ao tentar amenizá-la e sistemas econômicos ruiram ao não direcioná-la.
A última remanescente de tal peculiaridade humana foi a educação e a escola, como bem observou Foucault ao analisar as relações de poder não mais sob as premissas das instituições frente ao indivíduo, porém entre os próprios indivíduos dentro de uma instituição, de tal maneira que, se ainda sobrevive a violência, não é somente pela naturalidade com que se dá em meio social, mas pela legitimidade que lhe é conferida pelos indivíduos e pelas instituições de poder. E a escola - como nao poderia deixar de ser - tornou-se palco privilegiado para a construção de tais relações.
Desnecessário concluir, portanto, que a violência (que tanto choca e paralisa o homem) não é mal somente da atualidade como creem os mais inocentes, pois sempre acompanhou o homem onde quer que estivesse em contato com outrem. Ademais, acreditar que tal será extinta é, a bem dizer, estupidez.
Resta somente ao homem desconstruir, sob o manto diáfano da naturalidade aparente as relãções cotidianamente embutidas e prevenir-se apropriadamente das rel(ações) violêntas próximas.