Todos os dias, religiosamente, homens e mulheres são lançados à uma profusão de pequenas violências simbólicas, normalmente motivadas pelos mais permanentes problemas sócio-ambientas como poder aquisitivo, variação linguistica, traços regionais, opções religiosas, sustentanto assim, teorias de Foucault e da Escola fracesa da Análise do Discurso, tensionando os delicados fios da coexistência harmônica, desafiando, por dim, os limites da tolerância em uma tentativa constante de apaziguar os quase inaudíveis embates que eclodem sob a aparente inércia da superfície.
Tais conflitos são oriundos do arcabouço imagético psico-social historicamente construído ao longo dos séculos que parecem ecoar valores, por vezes misturados, grafitados e raspados, ecoando a teoria dos palimpsestos de Walter Benjamim e da Tradição alemã, mantendo-se em um repositório coletivo de amplo acesso e, portanto, constantemente recuperado, atacado e modificado pelo marketing e publicidade modernos que se chocam contra a realidade aparente: valores sociais, como nacionalismo e fanatismo religioso, são trazidos da esfera indiviudal alterando a psiquê ou a individualidade, miscigenando-a (quase sempre desarmonicamente) ao âmbito social, refletindo em políticas governamentais representativas que planejam, por meio da diplomacia, manter as tensões sob controle.
Tais embates, eclodindo da esfera individual, jogam ao mundo conflitos históricos sem claras causas (porém, sofridas consequências) como evidenciam as barreiras da faixa de Gaza ou as divisórias dos regimes totalitários tanto quanto se pode depreender dos invisíveis muros da intolerância aos novos gêneros sexuais, da cortina translúcida do sistema de cotas em Universidades públicas ou da simples argumentação em qualquer conversa de cantina ou de bar: os fios da individualidade tornam-se, pois, arame farpado divisor dos conflitos e caracterizador último das disparidades humanas.
O cotidiano - e o sistema político - são, como demonstram as duas Escolas do Discurso, na atual sociedade instituída, fomentadas pelas pequenas tensões - de finos finos ou de farpados arames - a que se submetem os cidadãos em favor da harmonia da vida coletiva, evidenciadas pelas consequencias rotineiras de chacinas urbanas a atentados terroristas, infinitamente em jornais de grande circulação e representatividade, sempre partindo dos menores conflitos municipais atingindo por fim os embates de interesses geopolíticos nas áreas mais recônditas do planeta.
2 comentários:
gostei do que colocou no penultimo paragrafo, a individualidade como caracterizadora das disparidades mas também capaz de critica. é verdade. é no particular que ficam os preconceitos, mas também é nele que cria-se a tolerancia. eu acho esse espaço tao apertado que torna muito dificil discernir preconceitos e moral pessoal; e pior ainda, separar tolerancia de consentimento/indiferença, sabe? nao vejo por onde a pressao de todo esse processo pode escapar da gente, senão em consecutivas falas de ignorancia precipitada nas cantinas e nos bares... realmente, os fios da individualidade são arames farpados que infelizmente cortam aqueles que se ofendem por nossos atos; mas também a nós, que de qualquer forma estamos presos bem perto a eles, e afiando-os a cada opinião que não conseguimos formular com clareza por nossa dificuldade de discernimento.
se ao menos tivessemos a lucidez de construir solidos os nossos preconceitos - que ainda assim seriam ferinos e errados - poderiamos então discuti-los e derruba-los com coerencia. no entanto, acabamos por sufoca-los "todos os dias, religiosamente", em nome da tal harmonia imposta e fingida.
haha, conclusao tipica de mim[e imatura]: resolver nossos conflitos internos para entao buscarmos a paz mundial... sabe aquela coisa de conclusao autoajuda que os professores de redação sempre mandam a gente nao fazer? ai ai..
que complexo! =)
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